sábado, 19 de dezembro de 2009

'Acordo de Copenhague' não tem nem duas páginas e meia
Texto resulta de 2 anos de preparação e 2 semanas de encontro.
Documento sem valor legal é composto por 12 parágrafos.

Ricardo Muniz Do G1, em São Paulo



Era para os países assinarem cortes de gases-estufa segundo as recomendações científicas do IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, explicadas em detalhes ao mundo em 2007 .

Mas o fruto de dois anos de preparativos e duas semanas de conferência foi um texto com duas páginas e meia (nem isso). Não tem as metas. Vem com algumas cifras, mas sem explicar como o dinheiro será captado e administrado.

Clique aqui para baixar o "Acordo de Copenhague" (formato .pdf, 2,3 páginas, em inglês)



Rindo de quê? Delegados aplaudem encerramento dos trabalhos em Copenhague (Foto: REUTERS/Bob Strong)

saiba mais
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O texto disponível no link acima é uma declaração de intenções. Não tem efeito vinculante, mas mesmo que tivesse, não vincularia ninguém a nada muito decisivo. Os países admitem que de fato é bom evitar uma alta da temperatura em 2°C neste século, concordando com os cientistas (parágrafo 1).

Daqui a cinco anos volta-se ao debate para ver se não é ainda melhor deixar escrito que é sensato tentar impedir uma alta de 1,5°C (12º e último parágrafo). É um afago para Tuvalu e outras ilhas, que podem desaparecer sob as águas com uma alta da temperatura superior a um grau centígrado e meio.

O “detalhe” da redução das emissões a médio prazo (2020) fica para mês que vem, mais precisamente até o dia 31 de janeiro. Os países deverão providenciar "informações nacionais" (o “nacionais” é para ressaltar a soberania das partes e aplacar a ira chinesa) contando para a ONU como estão combatendo o aquecimento global - ou não. Isso está no parágrafo 4.

Objetivos de longo prazo (2050) não foram mencionados.



Força máxima, resultado pífio: Obama praticamente invadiu reunião dos Basics, grupo formado por Brasil, África do Sul, China e Índia (Foto: TOPSHOTS/AFP / Jewel Samad)

No papel não há metas, mas há menção a dinheiro (parágrafo 8). Não significa que ele vai de fato pingar, porque o texto, que não tem força legal, não explica quais mecanismos institucionais seriam responsáveis pela gestão dos recursos.

Está escrito que as nações ricas se comprometem a direcionar US$ 30 bilhões nos próximos três anos para ajudar nações pobres a lidar com as alterações climáticas.


Parágrafo 8 prevê US$ 30 bi para o período 2010 - 2012 (Foto: reprodução)
Os EUA haviam anunciado que entrariam com US$ 3,6 bilhões; o Japão, com US$ 11 bilhões; a União Europeia, com US$ 10,6 bilhões. Os US$ 4,8 bilhões que faltam hão de ser financiados por alguém.

Entre 2013 e 2020, o aporte seria elevado para US$ 100 bilhões por ano.

sábado, 14 de novembro de 2009

Cristovam Buarque comenta a queda do muro de Berlim.


PLENÁRIO
Edição de terça-feira 10 de novembro de 2009
Cristovam pede que Lula leve proposta ousada a Copenhague
Senador afirma que Brasil deve assumir responsabilidades ambientais a fim de combater o aquecimento global, independentemente das metas adotadas pelos outros países


Cristovam também adverte sobre "muros" que separam ricos e pobres
Cristovam Buarque (PDT-DF) sugeriu que o presidente Lula dê exemplo aos países desenvolvidos e exerça um papel de liderança mundial. Para isso, afirmou o senador, deverá levar à Conferência das Partes da Organização das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-15) uma proposta alternativa de modelo de desenvolvimento econômico que garanta a sobrevivência não apenas das gerações atuais, mas também das futuras.

– Temos uma chance raramente vista de levar ao cenário mundial uma proposta alternativa para os destinos do mundo inteiro. Para termos credibilidade, porém, temos que ter o compromisso com o que vamos fazer aqui dentro.

Cristovam Buarque insistiu que o Brasil deve assumir uma posição ousada na COP-15, sem esperar que os países desenvolvidos apresentem metas igualmente ambiciosas de redução das emissões de gases do efeito estufa. Para o parlamentar, o país deve assumir suas responsabilidades ambientais a fim de combater o aquecimento global, independentemente da atitude e das metas adotadas por outros países.

Os muros

Cristovam lembrou os 20 anos da queda do Muro de Berlim, comemorados ontem, que, simbolicamente, representou o fim da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética.

O senador reconheceu que a queda da "Cortina de Ferro" trouxe avanços econômicos e liberdade individual, observando, no entanto, que o Muro de Berlim foi substituído por outros "muros" no mundo moderno: o da desigualdade social; o do desequilíbrio ecológico, que provoca desigualdade entre a geração atual e as gerações futuras; o da desigualdade tecnológica entre os detentores dos bens tecnológicos e os que não têm acesso a eles; e o da desigualdade da saúde, que torna a expectativa de vida diferenciada de acordo com a classe social.

– Uma rede internacional [de televisão] anunciou que, na parcela rica da população, há 50% de chances de se viver até os 100 anos. De duas crianças nascidas, uma chegará aos 100 anos, enquanto, para a outra, a esperança [de vida] é de 39 anos. Um muro tão duro ou pior que o de Berlim.

O senador acredita ser "eticamente incompatível" a existência de uma modernidade rica à custa de excluídos sociais, após o desaparecimento de fronteiras geopolíticas que separavam os países, como há 20 anos. Para Cristovam, justamente por reunir contradições sociais visíveis e, ao mesmo tempo, contar com cientistas capazes de encontrar soluções para as desigualdades sociais e alternativas ambientais compatíveis com uma economia socialmente mais justa e menos agressiva ambientalmente, o Brasil é o país apropriado para assumir a liderança global de um novo modelo econômico.

Para isso, sugere o senador, o presidente Lula teria que adotar uma postura consentânea com os desejos de uma grande maioria da civilização atual, que anseia por uma proposta alternativa capaz de pôr fim aos diversos "muros" existentes, que separam uma minoria privilegiada da grande maioria desfavorecida.

domingo, 8 de novembro de 2009

cerrado

o cerrado é a maior biodiversidade do mundo